quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Desmundo



Desmundo desnuda as relações humanas.

O filme Desmundo retrata o quanto é arraigado o desrespeito, o preconceito, a discriminação, a desigualdade e o domínio dos que detém o poder (status social e/ou econômico) em relação às classes marginalizadas da sociedade – o negro, o índo, a escravidão, o deficiente, o estrangeiro, o iletrado, a língua, o menos favorecido, a mulher e tantos outros fatores vergonhosos, entre eles, a falta de amor.
Dessa forma, Desmundo de maneira bastante envolvente nos faz mergulhar em assuntos da época da Colonização do Brasil, como o português arcaico, a língua indígena e africana, a soberania da raça, a mulher coisificada, a comercialização da camada desprestigiada da sociedade, vista como objeto, até mesmo como animal (os índios trabalham semelhantes a mulas, cão de guarda), as mulheres – de acordo com seus “dotes”- são negociadas em troca de dote, enfim, esse filme é riquíssimo para se trabalhar os mais variados assuntos explorando habilidades interdisciplinares. Inclusive, temas transversais, tais como violência contra a mulher, contra a criança e adolescente, seqüestro, tortura, maus tratos, contrabando humano, etc. além dos temas levantados implicitamente, como o incesto (a irmã de Francisco seria na verdade sua filha), abandono e vida religiosa (Orisbela, filha de Maria, ex-freira).
Infelizmente, apesar do grande avanço tecnológico, social, legislativo e econômico, os fatos do nosso século não se diferenciam muito dos ocorridos no século retratado no filme, apenas recebem nova roupagem, nomenclatura. É o desmundo que desnuda.

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